12 de dezembro de 2009

Nascimentos de novembro

Nasceu José Sebastião - Filho da Shana e do José - dia 26/11/2009 PNH
Nasceu o Felipe - Filho da Fernanda  e do REni e mano do João Pedro - dia 27/11/2009 VABC - Vaginal Birth After Cesarean - parto vaginal após cesárea 

22 de novembro de 2009

Nascimentos do mês de outubro

Nasceu Guilherme filho da Sandra e do Cezar, Cesárea - 09/10/2009
Nasceu Érico filho da Eliana e do Marco irmão do Bernardo -Parto Domiciliar  em Lageado/RS- 22/10/2009
Nasceu Khenan filho da Alicia e do Fábio - Parto Domiciliar - 25/10/2009

30 de outubro de 2009

Você está cansada de acordar para amamentar?



Você está cansada de acordar para amamentar?

" Querida mamãe,

Esta noite acordei estranhando o silêncio. Não havia barulho algum e pensei que o mundo tinha até acabado e você esquecido de mim. Coloquei a boca no trombone e você veio. Ainda bem!



Fiquei tão feliz no calor do seu peito que acabei pegando no sono antes de mamar tudo o que precisava. Quando percebi que você ia me colocar no berço, chorei de novo, mas não tente negar: você estava com pressa para ir dormir outra vez.Você me deu de mamar novamente, assim, meio apressadinha e depois resolveu trocar a minha fralda. Estava tudo tão calmo, um silêncio, nós dois juntinhos.
Estava legal e eu perdi o sono. Você até que foi compreensiva, mas começou a bocejar e resolveu me fazer dormir. Eu não queria dormir. Talvez eu precisasse de mais dez minutos, meia hora.
Mas você estava mesmo decidida a dormir. Foi ficando bem nervosa e até chamou o papai. Eu não queria o papai e todos fomos ficando muito irritados. No final das contas acordei a casa inteira cinco vezes. De manhã nossa família estava com cara de quem saiu do baile. Acho que estraguei tudo.
Imagina, você chegou a dizer para o papai que eu estou com problema de sono. Eu não! Você é que vem me dar de mamar com pressa e daí eu sinto que você não quer mais ficar comigo.
Os adultos tem hora certa para tudo mas eu ainda não entendi essas de relógio e tarefas estafantes que as pessoas grandes precisam fazer. Quando meu corpo está com o seu, quero ficar do seu lado sem me separar nunquinha. Do alto dos meus três meses ainda não descobri direito que você é uma pessoa e eu sou outra.
Um dia, eu vou sair por aí, vou saber telefonar e posso lhe deixar doida para saber o que ando fazendo e então você vai entender como me sinto agora. Mas não precisamos dessa guerra mamãe. Até lá já poderemos nos entender inclusive através das palavras.
Sinto a angústia da separação, pois terminei de viver uma das grandes. Você também, mas vive tudo isso como adulta consciente. Eu ainda vivo no inconsciente.
Por enquanto nossa comunicação direta fica restrita aos nossos sentimentos inconscientes. Eu não sei nada, tudo é novo para mim. Você pode até achar que não sabe nada e que tudo é novo para você, mas eu vou aprender o que você me ensinar através da sua sensibilidade, dos seus sentimentos em relação a mim.
Sabe, mamãe, se você quer um conselho, vou dar: quando eu chorar à noite, não salta logo para meu berço desesperada, como se o mundo fosse acabar. Espere um pouquinho, respire profundamente, ouça o meu choro até que ele atinja o seu coração. Sinta seu tempo, realmente acorde e venha me pegar. Me abrace devagar, não acenda a luz, fale bem baixinho e me dê o seu peito para eu mamar. Depois que eu arrotar, mais um pouco só de paciência, pois nós, bebês, somos muito sensíveis aos sentimentos dos adultos, especialmente os da mamãe.
Se eu sentir que você está com pressa, sou capaz de armar o maior barraco, mas se você esperar até o meu segundo suspiro, quando meus olhos ficarem bem fechados, minhas mãos e pernas bem molenguinhas, aí sim pode me colocar de volta no berço que eu não acordo antes de sentir fome outra vez.
Conforme você for desenvolvendo sua paciência mamãe, eu estarei desenvolvendo minha tranqüilidade e nós não teremos mais noites infernais; apenas noites de mamãe/bebê, que um dia passam, como tudo na vida.
Sempre seu,
Gu-gu dá-dá! "
Texto de Cláudia Rodrigues

23 de setembro de 2009

GAPP- Grupo Nascer Sorrindo Encontro X/2009



Roda de Conversa para gestantes e casais grávidos.

Quando: dia 17/10 das 10:30hs às 12:00hs(solicito que por favor, cheguem no horário).
Onde: Rua Oswaldo Aranha, 1070/401, em frente ao Parque de diversões da Redenção.
Pauta: Assunto relacionados a gestação, parto e amamentação.
Nós apoiamos o Parto Ativo!!!

Contatos: e-mail, doulazeze@yahoo.com.br ou fone 9123 6136, confirme sua presença.

Paternidade - Ricardo Herbert Jones



PATERNIDADE
A importância da presença do pai para a realização de um parto em harmonia é um tema que eu nunca cansei de pesquisar e estudar. Esta é uma questão que eu carrego há quase 30 anos e um debate que sempre me acompanhou. Há alguns anos Michel Odent colocou em dúvida se a presença dos homens na cena do parto poderia ser positiva em todos os casos, como se costumou acreditar no mundo ocidental. Pois eu acredito que ela é sempre positiva, desde que a gestante esteja de acordo. Colocar a decisão com a mulher é, para mim, a melhor maneira de compatibilizar as necessidades femininas de tranqüilidade e privacidade com os desejos masculinos de participar do evento de forma efetiva.

Recém formado na sóbria escola médica da Universidade Federal, fui trabalhar em um hospital militar na periferia da minha cidade. Como seria de esperar, as regras deste hospital, em relação à presença de acompanhantes, seguiam as normas extra-oficiais do restante dos hospitais brasileiros. Neste pequeno hospital, os protocolos eram ainda mais rígidos, provavelmente por ser este uma unidade militar.

- Não é permitida a entrada de acompanhantes nas dependências do centro cirúrgico e centro obstétrico.
Esse era o recado afixado na porta da acanhada maternidade.

As exceções eram oferecidas de acordo com a boa vontade do cirurgião ou do obstetra, e também quando uma patente militar muito superior impunha certa deferência. Quando fui trabalhar neste hospital meus filhos ainda eram muito pequenos e, apesar de ainda continuar aferrado a muitas condutas que hoje abominaria na assistência ao parto normal, eu já tinha bem nutrida em meu peito a chama de uma indignação que me acompanharia o resto da vida. O nascimento deles ainda estava vívido na minha lembrança; ainda podia sentir os aromas e as cores que coloriram a chegada deles. Ainda brilhavam na minha retina a cor, a luz, o brilho da lágrima, o som primal, o primeiro gemido e as tantas outras sensações que nos invadem quando percebemos a imagem de nossa imortalidade tomando corpo. Por terem meus filhos nascido com a minha presença no centro obstétrico eu acreditava ser devedor de uma vivência fulgurante como essa aos outros homens que porventura passassem pela mesma experiência. Por estas razões, minha primeira conduta como plantonista deste centro obstétrico foi abrir as portas aos pais que desejassem assistir o parto de seus filhos. A estratégia para isso foi incluir a presença dos maridos na "prescrição" rotineira. Entre os itens como dieta, sinais vitais e outros eu, sorrateiramente, incluía "Presença do pai na sala". Mais do que uma permissão, o acompanhamento era uma deliberação de ordem médica, pois eu intuía que esta presença poderia ser de auxílio para a boa condução do processo.

Minha história com a paternidade se inicia no meu próprio nascimento, no corredor frio do hospital dos Moinhos Uivantes. Os signos e sinais ali estabelecidos por certo construíram a estrutura básica de minha visão sobre a transcendência do nascimento humano. Depois deste fato foi a minha vez de, investido na posição de pai/menino, passar pela grande experiência de participar do nascimento dos meus próprios filhos. A paternidade entrou em mim como um solavanco na meninice que ainda trazia no sorriso. Meu rosto de criança se transfigurou ao perceber que, daquele momento em diante, eu jamais seria o mesmo. A miríade de imagens que percorrem difusamente a parede da minha distante memória apenas me mostra os traços mais salientes de um momento transformador. Jamais eu olharia o mundo com os mesmos olhos; nunca mais eu veria as coisas como antes.

Os livros escolares estabelecem datas que, pela sua importância e repercussão, produziram cortes epistemológicos na história. Fizemos assim com a tomada de Constantinopla, a queda da Bastilha, a gravação de "I Wanna Hold Your Hand", pelos Beatles e, mais atualmente, a derrubada das Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Todos estes momentos marcaram simbolicamente a passagem de uma etapa para outra da nossa jornada na terra. Pois as pessoas também têm suas quedas, suas mudanças e avanços. Também criamos e materializamos símbolos de transformação.

O nascimento dos meus filhos matou um menino. Caído ao solo, no pequeno corredor que levava ao vestiário do hospital, nunca mais se ergueu. Ele existe apenas em sonhos, nas lembranças fantasiosas e imperfeitas, assim como no gérmen infantil que todos carregamos no coração. Mas sua existência concreta acabara ali. Morto, sem vida. Mas incrivelmente nenhum dos médicos do hospital se interessou por ressuscitá-lo. Melhor que ficasse, enfim, ali onde estava.

O nascimento dos meus filhos foi a mais intensa emoção, a mais terna lembrança e o momento mais decisivo. Naquele momento se desenhava o resto inteiro da minha vida.

Tenho o privilégio de olhar um mundo absolutamente feminino de uma estratégica e solitária posição masculina. Conheço as lágrimas vertidas por elas, entremeadas com sorrisos esfuziantes. Sei das suas dores, do corpo e da alma, e tento entender o quanto elas são importantes para esculpir a mulher que se cria diante dos meus olhos, moldada pelo cinzel do parto em sua carne. Parto, partida, cisão; estes elementos são os constitutivos de uma transformação imensa, que modifica toda a nova existência que diante de nós se forma. Bem sei da delícia e da dor de ser o que se é: feminina e fêmea. Dos olhos das mulheres que gestam e geram brota o mais incisivo ensinamento e a mais absoluta das certezas: nada é certo, tudo é supérfluo e inconstante.

Mas e os homens diante do furacão avassalador de um nascimento?

O que isso significa para a nossa vida, nossa história e nosso futuro?

A frase "Parir não é apenas fazer bebês; é fazer mães, fortes, competentes e capazes, que confiam em si mesmas e acreditam na sua capacidade interior", da antropóloga Barbara Katz Rothman, também poderia ser facilmente aplicável à paternidade. Os pais são moldados nas fornalhas incandescentes de sentimentos que permeiam o nascimento. Passar pelo desafio da confiança, do silêncio assegurador, da palavra de ajuda, do beijo de amor e do respeito às decisões que sua mulher assume é o melhor treinamento possível para os inúmeros desafios que a sua posição paterna determinará. Não existe ensaio melhor para a paternidade que a-companhar sua esposa no momento decisivo do parto. Ali as cartas estarão na mesa, e as decisões tomadas terão repercussões por toda a vida das pessoas envolvidas.

Se acreditarmos no "imprint" do nascimento, onde as palavras - feitas da energia do simbólico - volitam sobre as consciências e deixam marcas no ser que nasce, como impressões indeléveis e indestrutíveis de um desejo que se faz presente, também teremos de crer que estes sinais fazem caminhos no corpo do pai que nasce. Também ele se transmuta; se metamorfoseia e se cria.

Leonardo Boff nos alertava que o que nos distingue das outras espécies é nossa capacidade de cuidar. Na cena do nascimento, nas energias selvagens do parto, o cuidar se faz presente de uma maneira cálida e intensa. Ali encontramos a mais vívida escola de paternidade, nos ensinando a delicadeza, a sutileza, o carinho e o limite.

É desta matéria que se molda um pai. Jogado imperfeito na fornalha do parto, no cadinho dos sentimentos em conflito, onde sobressai o medo e a incerteza, ele ressurge renovado e trans-formado para cumprir a tarefa de ser a mão forte e corajosa a guiar seu filho. É claro que um pai se forma de muitas maneiras, mas ninguém há de negar que a natureza, com sua sabedoria, nos ofereceu uma escola primorosa para auxiliar na complexa tarefa de produzi-los.

E que os séculos que temos diante de nós possam fortalecer os laços entre os pais e seus filhos, para que a humanidade possa ter mais dignidade e justiça.

Ric Jones